Autor(a)Stefano Volp
EditoraHarperCollins
Páginas336
Ano2022
GêneroSuspense/Thriller
Nota/estrela5
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Recebi “O Beijo do Rio” na caixinha da TAG de abril de 2022. Mas só comecei a leitura no final de junho do mesmo ano. E foi ótimo, pois consegui conversar com o Volp sobre essa obra na Bienal do Livro. 

Eu sou extremamente apaixonada na arte gráfica da capa desta edição da TAG. É uma arte que consegue traduzir bem o sentimento de ler “O Beijo do Rio”

Foi o meu primeiro contato com a escrita do Stefano Volp e já de cara fiquei obcecada pela história. Logo nas primeiras páginas já estava super envolvida com a história e ciente de que estava lendo o maior thriller nacional do ano de 2022. 

Sinopse

As cortinas se abrem para um caso inesperado… Com protagonismo negro e bissexual, o eletrizante thriller psicológico de Stefano Volp traz a história de um jornalista que vai investigar a morte  de seu melhor amigo de infância, enquanto lida com visões desconcertantes, segredos perigosos e traumas do passado.

O solitário Daniel é um jornalista negro que escreve para a seção investigativa de uma revista independente. Ao saber da trágica morte de Romeu, seu melhor amigo de infância, ele decide voltar à sua cidade natal, Ubiratã, para investigar o caso, o qual a polícia prontamente concluiu ter sido suicídio.

Após dez anos longe, Daniel se vê de volta à pequena cidade onde cresceu. Seu regresso à casa é problemático. Bissexual, ele sempre se sentiu deslocado naquele bairro separado do resto da cidade por um rio. A nova companhia de teatro, figuras políticas da cidade, os membros de uma seita religiosa e famílias que não querem ser incomodadas são viradas de cabeça para baixo com a presença do jornalista e sua investigação criminal.

Há, também, algo do passado de Daniel de que ele não consegue – ou não quer – lembrar. Em vez de memórias, tem visões de um menino, que aparece para ele com mensagens indecifráveis. Agora, quanto mais se aproxima da verdade, mais visões tem e mais ele deve descobrir sobre si mesmo.

Resenha

Em “O Beijo do Rio”, é impossível não se jogar de cabeça!  Num suspense nacional que vai além do esperado. Stefano Volp nos leva para a cidadezinha de Ubiratã, um lugar que não é o clichê das grandes metrópoles, mas que guarda seus próprios segredos nas beiradas do rio. A história se desenrola com Daniel, um jornalista que volta à cidade natal para desvendar a morte suspeita do seu melhor amigo, Romeu.

“Minha mãe foi evangélica, uma mulher íntegra e correta. O que existe nesta cidade é outra coisa, é algo mau. Eles tentaram de tudo de todas as formas”

O que mais chama a atenção é como Volp desenha seus personagens. Daniel, longe do estereótipo do herói perfeito, é humano, cheio de problemas e traumas, algo que a gente facilmente se identifica. E a trama não se limita à investigação do suposto suicídio de Romeu, ela vai além, mexendo com a vida de todo mundo na cidade.

Ubiratã não é só um cenário, é quase um personagem por si só. Longe dos clichês urbanos, a cidade é dominada pela Igreja das Cinco Virgens e pelo seu líder, o Apóstolo. Isso não é só ficção, a gente consegue realmente imaginar muitas cidades brasileiras, onde a igreja tem um papel forte nos costumes e na vida de todo mundo.

O que achei de O beijo do rio – Stefano Volp

A trama não se prende apenas à investigação. A volta de Daniel para Ubiratã é um acerto de contas com o passado, com a família e com todas as coisas que o fizeram fugir da cidade. É como abrir gavetas empoeiradas e lidar com os esqueletos que caem de dentro delas.

“Um urro perturbador surgiu do lado de dentro do palco e estendeu-se até quebrar o feitiço da plateia. Então a morte curvou-se na beiro do palco em agradecimento e começou a dançar”

Volp acerta em cheio na escrita. É daquelas que você começa a ler e não consegue largar. Desde a ambientação até a resolução do mistério, tudo é bem amarrado, convincente, e com aquele toque especial que só os melhores suspenses conseguem oferecer. Em muitos momentos eu fiquei extremamente tensa, como se eu estivesse andando ao lado de Daniel, investigando junto dele. 

O protagonismo negro de verdade é outra pérola do livro. Daniel é negro e bissexual, e não é apresentado como um estereótipo. Além dele, a figura policial que entra em cena para desvendar o mistério é uma delegada negra. Nada de caricaturas, só personagens bem enraizados na realidade.

“O Beijo do Rio” é mais do que um suspense. É uma crua fotografia de situações reais enfrentadas por muitos brasileiros. A intolerância religiosa, o conservadorismo machista e a corrupção são temas que aparecem de forma nítida na trama, refletindo o que muitos enfrentam no dia a dia.

“ … Você ficaria surpreso se soubesse o verdadeiro nome de certas práticas que as pessoas preferem chamar de fé.”

Se você está procurando um thriller nacional que quebra padrões, “O Beijo do Rio” é a pedida certa. É um convite para desbravar o gênero, sentir o pulso do rio de perto e se envolver numa trama que vai muito além do mistério, explorando as profundezas da condição humana. 

Sobre o autor

Stefano Volp, o escritor, roteirista e tradutor, é o idealizador do Clube da Caixa Preta, um espaço virtual dedicado à leitura de contos clássicos escritos por autores negros nos últimos séculos. Além disso, ele é o autor do livro “Homens pretos (não) choram”. Volp também se destaca por sua contribuição para o cenário audiovisual, escrevendo filmes e séries para plataformas de streaming, e sua colaboração em renomadas publicações, como a revista Veja e a Folha de S.Paulo.