Autor(a)Stefano Volp
EditoraGalera
Páginas225
Ano2023
GêneroYA (Young adult)
Nota/estrela4 ⭐
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Eu tenho uma queda pela escrita do Volp, e felizmente, já tive a oportunidade de estar com o escritor duas vezes e fazer aquelas perguntas que todo leitor gostaria de fazer ao seu autor favorito: “O que você sentiu escrevendo isso?”,  “aquela cena tem alguma relação com algum momento da sua vida pessoal?” e no caso de Nunca vi a chuva (que é um livro reescrito)  perguntei: “Você reviveu algum sentimento que teve da primeira vez quando escreveu Nunca Vi a Chuva?”

Se você nunca leu nada do Stefano Volp, Nunca Vi a Chuva é um bom livro para começar. 

Sobre o enredo

Nunca Vi a Chuva narra a história de Lucas, um jovem de 19 anos, preto, adotado por uma família rica e que vive em Portugal. Apesar da vida aparentemente perfeita, Lucas se encontra profundamente infeliz, carregando consigo o peso da depressão e do abandono emocional que sente dos pais adotivos. 

Sua vida muda completamente quando descobre, por meio de um vídeo no YouTube, que tem um irmão gêmeo chamado Rafael. Rafael, por sua vez, é cego e mora no interior do Rio de Janeiro.

Motivado pela curiosidade e por um desejo de entender seu passado, Lucas embarca em uma viagem para o Brasil em busca do irmão. A partir daí, a história toma rumos que, em alguns momentos, aquecem o coração, mas também levantam questões importantes.

“Não consigo parar de repetir a música que meu dublê cantava no vídeo com um sorriso abobado: “Tenta não se acostumar, eu volto já. Me espera.”

O que funciona no livro

A conexão entre Lucas e Rafael é um dos pontos altos da narrativa. A forma como Stefano Volp constrói a relação entre os irmãos traz à tona o poder do amor familiar e da amizade. 

Ao longo da história, é interessante ver como Lucas, inicialmente cheio de mágoa e desilusão, começa a encontrar conforto e felicidade ao lado do irmão, que, apesar de sua deficiência visual, mostra uma alegria de viver que Lucas ainda está tentando alcançar.

Além disso, o formato em que o livro é escrito — um diário — nos aproxima das emoções mais íntimas de Lucas. Isso cria uma experiência quase pessoal, como se estivéssemos lendo os pensamentos mais profundos de alguém que está perdido, tentando se reencontrar. É impossível não sentir empatia por Lucas em vários momentos.

“ – Quando você aprender a perdoar, vai ser um cara livre.

E começou a chover.”

Pontos sensíveis

(Atenção! Esse tópico contém spoiler, se você ainda não leu o livro, pule para o próximo tópico)

Apesar do enredo interessante e da proposta emocionante, “Nunca vi a chuva” também tem seus desafios. O tema do suicídio, que aparece repetidamente ao longo da narrativa, é tratado de forma direta, o que pode ser perturbador para alguns leitores. 

Eu, pessoalmente, não me senti totalmente confortável com a forma como essa questão foi abordada.

O que achei de “Nunca Vi a Chuva – Stefano Volp)

“Nunca vi a chuva” me tirou da zona de conforto pois não sou muito de ler YA, ainda assim, não me decepcionei com a escrita do Volp. A história segue um fluxo perfeito e mostra a sensibilidade do Volp em demonstrar o que cada personagem sente. 

“Existe a gente. E o mundo. E como vamos nos adaptar à nossa realidade. No final das contas, é só isso.”