| Autor(a) | Stefano Volp |
| Editora | Record |
| Páginas | 192 |
| Ano | 2025 |
| Gênero | Drama familiar |
| Nota/estrela | 5 ⭐ |
| Compre | Amazon |
Eu sempre vou indicar livros do Volp, pois ele sabe escrever uma boa história. E Volp, se um dia você ler isso, saiba que eu posso ler até sua lista de supermecado se coloca-lá a venda rs.
Resenha com spoiler leve:
Revela alguns acontecimentos ou características centrais da história, mas não o desfecho. Te ajuda a entender melhor os personagens e o tom do livro sem estragar a surpresa.
Um livro que começa com uma morte, mas fala sobre a vida
O livro de Stefano Volp, Santo de Casa, me pegou de jeito.
A história começa com a morte de Zé Maria, o pai de família que todo mundo na cidade achava ser um homem bom, sábio. Só que dentro de casa…
O livro é narrado por quatro vozes: Rute, a esposa, e os filhos Alex, Betina e Alan, e cada um carrega uma dor diferente. É como se o autor abrisse a casa dessa família pra gente ver o que realmente acontecia atrás das paredes.
Rute e o poder de dizer “nada”
Tem uma cena que me marcou muito: o filho mais novo pergunta pra mãe o que ela sente agora que o pai morreu. E ela responde: “nada”.
Imagina isso?
No começo parece frieza, mas depois você entende que é outra coisa. É cansaço. É o esvaziamento de quem já chorou demais.
Rute não é uma mulher sem sentimento, é uma mulher que gastou todos eles tentando sobreviver.
Zé Maria: o homem que curava os outros, mas adoecia os seus
O mais irônico é que Zé Maria trabalhava com cura, com ervas, ajudava gente da cidade. Todo mundo respeitava. Mas dentro de casa ele era o próprio veneno.
E aí vem uma das reflexões mais fortes do livro: talvez o pior castigo pra ele não tenha sido morrer, mas viver.
Porque pensa comigo: deve ser um fardo enorme ser o motivo do medo dos próprios filhos, ser o homem que destrói o que devia proteger. Morrer, no fim, foi até uma forma de redenção.
Betina e Alan: quem sobrevive conta a história
Quando os filhos voltam pra cidade pro velório do pai, as lembranças voltam com eles. Betina, que agora é uma mulher trans, encara o preconceito da cidade e do irmão mais velho. E Alan, o mais novo, tenta entender o buraco que o pai deixou, um buraco cheio de dor e memórias ruins.
É por meio dele que a história flui, com uma narrativa simples, mas carregada de emoção.
Por que esse livro merece ser lido
O livro de Stefano Volp não é leve, nem deve ser. Ele fala de abuso, de trauma e de como o amor e o medo às vezes moram no mesmo teto.
Mas, acima de tudo, Santo de Casa mostra como é difícil se libertar de um passado que marcou a pele e a alma.
Volp escreve com uma sensibilidade rara. Ele dá voz a quem quase nunca é ouvido, como mães, filhos e filhas que cresceram dentro de lares violentos e aprenderam a sobreviver em silêncio.
No fim, a sensação é que o autor não quer que a gente apenas leia, mas sinta. E acredite: a gente sente.


